No Brasil existem 4 espécies de Khaya (mogno africano) disponível para plantio, e são elas: Khaya Grandifoliola, Khaya Senegalensis, Khaya Anthotheca e Khaya Ivorensis. Cada espécie desta se adaptará melhor conforme o clima, a pluviosidade, a altitude, o solo e as condições de temperaturas das regiões que existem no Brasil.
Geralmente quando um investidor decide plantar mogno africano, gênero Khaya, é porque ele leu que o mogno africano é o ouro verde e ele quer fazer dinheiro, ou uma poupança verde. Isso faz com quem investe em mogno africano seja geralmente uma pessoa fora do ramo florestal e que, portanto, não tem tradição florestal.
Quem planta mogno africano deseja ter madeira nobre pronta para ser serrada em 18 ou 20 anos, e logo que ele inicia seu empreendimento, esta pessoa começa a meditar bastante a respeito do futuro de seu investimento devido ao leque de oportunidades de ganhos que o negócio proporciona, e ainda recebe um questionamento que será decisivo no lucro final de seu projeto, isso porque logo após surgirá a seguinte pergunta em sua mente: “venderei minha madeira em toras ou serrada? ”. Esta pergunta é relevante devido ao preço final de venda, isso porque hoje 1 m³ de toras de madeira do mogno africano com 18 a 20 anos gira em torno de R$800,00 a R$1.000,00 enquanto o m³ da madeira de mogno africano serrada vai variar em torno de R$5.000,00 a R$6.000,00 o m³.
Utilização dos recursos das florestas de Mogno Africano – (Khaya) ou quais são as aplicabilidades de uma floresta de Mogno Africano.
A madeira serrada é utilizada para carpintaria, marcenaria, móveis, e folheados decorativos. Pode ser utilizada em construções, piso leve, acabamento interior, construção naval, instrumentos musicais, brinquedos, novidades, escultura, tornearia e até madeira para celulose. O “carro-chefe” da madeira de Khaya é para móveis, utensílios domésticos e canoas escavadas. Também é usado como lenha e para a produção de carvão, mas isso ocorre quando a floresta tem plantio adensado e ocorre a atividade de desbaste.
A casca das espécies de Khaya tem sabor amargo e é usada na medicina tradicional. Ela é usada no tratamento da febre causada pela malária. Na África é comum fazer infusões com a casca que são tomadas com a finalidade de resolver problemas estomacais, incluindo úlceras gástricas, dor após o parto e doenças de pele.
As folhas das árvores do gênero khaya são ricas em proteína e até podem ser aproveitadas na fabricação de ração para animais. No Sudão, uma infusão de casca é usada para tratar a diarreia causada por parasitas intestinais. Uma decocção da casca da raiz é bebida para tratar a gonorreia e a casca da raiz é pulverizada e aplicada externamente em doenças de pele.
Em Uganda, a casca é usada como veneno para peixes, então um extrato da casca é usado para a confecção de flechas para pesca. Na República Democrática do Congo, a casca é usada para lavar roupas. Todas as espécies de Khaya são plantadas como árvore de beira de estrada e árvore de sombra ornamental. Este gênero também é usado para estabilizar as margens dos rios.
Quais são os motivos que levam a um aumento expressivo de investidores disponibilizarem cifras para mobilizarem áreas de milhões de hectares, envolvendo gente que praticamente inventou a floresta no Brasil e pessoas que jamais subiram num pé de árvore?
Hoje no Brasil estima-se que existe cerca de 55.000 a 60.000 hectares plantados de florestas de mogno africano. Para se implantar 1 hectare de floresta de Khaya o investidor irá investir cerca de trinta a cinquenta mil reais por hectare para cultivar a floresta por 18 a 20 anos. A variação do custo por hectare de uma floresta de Khaya ocorrerá em função de projetos que usarão irrigação e projetos que não irão usar irrigação, portanto, estima-se que no Brasil já foi investido cerca de R$2.750.000.000,00 (Dois bilhões e setecentos e cinquenta milhões de reais) em florestas de mogno africano.
A maioria das pessoas que investiram no Mogno Africano no Brasil tinham como motivação a realização de uma poupança verde para complementar a sua aposentadoria. Alguns fundos de aposentadoria para norte-americanos também investiram em florestas de Khaya no Brasil, porém na realidade o que percebo na prática é que as pessoas que realizaram este investimento querem é ganhar dinheiro no futuro.
Se você fizer uma conta rápida e estimada, você irá verificar que 1 m³ de madeira serrada de Khaya com 18 ou 20 anos vale hoje cerca de R$5.000,00. Em um hectare de floresta com 18 ou 20 anos, e isso varia muito de sítio para sítio, será possível colher no mínimo 150 m³ serrados por hectare e no máximo cerca de 420 m³ por hectare serrados. Então o que é esperado após 18 a 20 anos, para quem optou pela venda da sua madeira serrada é um faturamento de no mínimo R$750.000,00 por hectare e este número poderá ser maior se o produtor tiver condições favoráveis de solo, clima, temperatura, pluviosidade, fertilidade e principalmente dependendo do nível de tratos culturais que a floresta receberá.
Realmente existem várias pessoas que não tem a menor intimidade com as florestas investindo no Mogno Africano. Existem profissionais que atuam nesta cultura que vieram de outras florestas cultivadas como eucalipto e pinus, mas plantar mogno africano é diferente de plantar pinus ou eucalipto e muito aprendizado e principalmente pesquisas ainda são necessários a serem realizados para o estabelecimento de padrões de excelência de cultivo para cultura do Mogno Africano.
Quais são os produtos e subprodutos já comercializados ou ainda nas bancadas dos cientistas
No mundo existem vários produtos oriundos do gênero Khaya e são eles: móveis; tábua para carnes, piso leve, lambri, portas, janelas, instrumento musical (guitarra), brinquedos diversos, bancos, mesas, armários, esculturas, pranchas, peças diversas para construção, canoas, e vários outros derivados.
Temos alguns estudos ainda a fazer para aproveitar na sua totalidade o gênero Khaya e estes estudos e futuros produtos são:
- Aproveitamento da proteína das folhas das árvores do gênero Khaya para fabricação de ração animal
- Remédios e fármacos contra diarreia, doenças venéreas, doenças de peles, problemas intestinais e outros.
- Utilização da flagrância da madeira como perfume
- Utilização da espuma que sai da casca
Qual é o tamanho do seu mercado?
Algo que não representa problema algum para quem planta mogno africano é o mercado. Como madeira nobre o mogno africano encontrará diversos setores industriais e profissionais interessados em madeira como fonte de matéria prima e ainda de madeira serrada. O mercado do mogno não é só o Brasil, é o mundo. Trata-se de uma madeira muito consumida em construções nos EUA e Canadá. É uma madeira vendida regularmente para Europa e China. E devido as fortes pressões para a conservação de florestas nativas devido ao “aquecimento global”, o mogno africano por ser uma madeira nobre cultivada e ainda uma espécie exótica no Brasil se torna uma madeira sustentável e que teoricamente deve ter a preferência de compra do mercado futuro. Então o seu mercado é enorme.
Qual é a realidade pós pandemia?
A pandemia não alterou em nada a cultura e o mercado de mogno africano. Na realidade a cultura da utilização da madeira é milenar, o hábito e o desejo pela madeira maciça é algo que muitas pessoas e o próprio mercado de madeira não encontrou ainda um substituto que não deixe ao consumidor de madeira nenhum questionamento a respeito de sua qualidade, beleza, elemento decorador, resistência e vários outros itens que fazem da madeira nobre algo único.
Que alívios ou que pressões as florestas causam hoje?
Uma floresta de mogno africano no Brasil, além de ser uma floresta de exóticas é uma floresta plantada. As florestas plantadas reduzem a pressão sobre as florestas naturais, contribuindo para a conservação da biodiversidade, além de muitos outros serviços ambientais.
Hoje no Brasil, as florestas plantadas em sua grande maioria são compostas de Pinus, Seringueiras e Eucalipto e agora mais recentemente estão chegando florestas de Mogno africano, Cedro australiano, Teca, Paricá, Pau de balsa, e principalmente sistemas Agroflorestais. O Brasil tem hoje cerca de 7,5 milhões de hectares destinados ao plantio comercial de florestas.
Então eu diria que os principais alívios e benefícios que as florestas plantadas trazem são:
- Redução da pressão de cortes das florestas nativas;
- Contribuição direta na regulação do fluxo hídrico, na polinização;
- Controle do clima;
- Formação de estoques de carbono;
- Conservação do solo;
- Dispersão de sementes;
- Ciclagem de nutrientes;
- Formação de corredores ecológicos;
- Atividades culturais, científicas, recreativas e educacionais.
Quem sofreu muitas pressões foi o eucalipto. Houve uma época no Brasil que políticos, autoridades e comunidades acusavam o eucalipto de secar e tornar as áreas onde eles foram plantados inférteis.
Quais são os incentivos e os impedimentos de formá-las?
Diria que o incentivo principal da implementação seria a vontade de empreender e de se fazer uma poupança verde do investidor, e digo isso porque hoje no mercado financeiro não existe nenhuma linha de crédito para financiar o plantio de Khaya ou mogno africano. É possível de se encontrar até bancos que venham financiar o empreendimento, mas algo específico com o nome do mogno africano, não existe. Também não há nenhum incentivo de redução de pagamentos de impostos para quem implanta uma floresta de mogno africano por parte de prefeituras, governos estaduais e federal. Então não vejo nenhum incentivo a não ser a motivação da pessoa que vai financiar do próprio bolso a implementação da floresta.
Quantos aos impedimentos, diria o seguinte: a partir do momento que o indivíduo que vai implantar uma floresta de mogno africano esteja em dia e conforme com o IBAMA, órgão ambiental de seu estado, e o código florestal não há nenhum impedimento, e isso também significa estar em dia com toda a documentação necessária como: autorizações, licenças, alvarás, e outros exigidos pelos órgãos governamentais.
Como uma floresta abriga e unifica ciência e política?
A legislação estadual e federal acaba unificando a ciência e a política nos temas meio-ambiente, biodiversidade, aquecimento global, cultura de baixo carbono, sequestro de carbono, reservas das fazendas, e vários outros aspectos similares a estes citados, mesmo porque para estabelecer os tributos, licenças e documentos necessários serão de fundamental importância a criação e pesquisa das regras que formarão as leis e decretos.
Escrito por Milton Frank.