Há algum tempo, as regras para reflorestamento vem sendo um tópico recorrente entre governos, empresas e cidadãos. Isso porque o desmatamento cresceu muito nos últimos tempos e o mundo começou a sentir os efeitos dessas decisões.

Aquecimento global, aumento no número de catástrofes naturais, animais em extinção, entre tantos outros problemas causados pela ação do homem na natureza. Acontece, no entanto, que reflorestar não é algo simples, não basta apenas plantar novas árvores como muitos pensam. Durante esse processo é preciso seguir algumas regras, que irão definir se o reflorestamento será ou não um sucesso.

Pensando nisso, a seguir, explicamos o que é o reflorestamento e quais são as principais regras que você precisa seguir na hora de reflorestar um local. Confira!

Árvore sem folhasDescrição gerada automaticamente

Saiba o que é reflorestamento, quais são seus benefícios e o que é imprescindível no momento de reflorestar uma área degradada. | Foto: Unsplash/Gabrielle Claro.

O que é reflorestamento?

Com certeza, em algum momento da sua vida, você já ouviu falar sobre reflorestamento. O termo é usado com frequência nas escolas e instituições educacionais, entre ambientalistas e outros ativistas e, até mesmo, em discursos governamentais. O que faz do termo tão popular é sua importância, que vem crescendo na última década e alcançou seu pico em meados de 2019, com grandes nomes do ativismo ambiental, como a jovem Greta Thunberg.

Mas você sabe o que é reflorestamento? E o motivo pelo qual esse vem sendo o tópico de diversas discussões nos últimos anos? Pois bem, o reflorestamento é o ato de reflorestar uma área desmatada, ou seja, plantar novas árvores em locais que foram desmatados, garantindo o surgimento de novas florestas.

O objetivo de reflorestar é reparar os danos causados em um passado recente, quando o homem extrai da terra árvores e outras plantas que são fundamentais para o ecossistema. Na maioria das vezes, as árvores que são plantadas são nativas da região, ou seja, pertencem àquele local.

O reflorestamento se tornou uma necessidade, isso porque as árvores são responsáveis por absorver o CO2 liberado na atmosfera e gerar oxigênio, garantindo a qualidade do ar que respiramos. Com esse controle do ar, o meio ambiente é impactado de forma positiva e questões como as mudanças climáticas podem ser freadas.

Para você ter noção de como funciona o “filtro” natural do planeta que são as árvores, as florestas de todo o mundo absorvem, por ano, 2 bilhões de toneladas de CO2. As florestas, entretanto, não fazem isso sozinhas, uma vez que parte desses gases são absorvidos pelos oceanos.

Por isso, a integridade das florestas se tornou um tópico fundamental nos debates de todo o mundo. Em 2015, a OMS (Organização Mundial da Saúde) determinou que a proteção florestal, incluindo o reflorestamento de áreas devastadas, fariam parte de seus Objetivos de Desenvolvimento e Sustentabilidade.

Como é o processo de reflorestamento

O processo de reflorestamento pode ser feito por meio de três técnicas diferentes: o reflorestamento pelo plantio de mudas, pela nucleação ou pela muvuca. 

O reflorestamento pelo plantio de mudas, como o nome sugere, se baseia no ato de plantar as espécies que terão o papel de reflorestar a área que foi degradada. 

O reflorestamento pela nucleação, por sua vez, ocorre pela disseminação de sementes na área. Para isso, o lugar precisa estar ocupado pelas espécies responsáveis por essa disseminação. Por ser um processo mais natural, o reflorestamento pela nucleação costuma ser demorado e respeita os fatores de regeneração progressiva (espécies pioneiras, espécies intermediárias e o clímax). 

Já a muvuca é feita através da mistura de diversas sementes com grãos e areia. Essa mistura é levada até a área que será reflorestada e é espalhada por todo o terreno. Com o tempo, várias espécies de plantas vão se desenvolvendo de maneira alternada e sem organização na área reflorestada. 

A escolha do método adequado vai variar de acordo com a finalidade desse reflorestamento. Pensando na degradação total da área (e consequentemente da floresta que existia no local), é preciso ter em mente que o solo necessita de toda uma adaptação para voltar a ser produtivo. Além disso, o resultado final da “nova” floresta vai depender de algumas questões.

Regeneração produtiva

A regeneração produtiva é justamente esse processo de adaptação e transformação do solo para o reflorestamento em um terreno degradado. 

A regeneração produtiva segue a seguinte lógica: primeiro nascerão plantas pioneiras (o famoso “mato”), seguidas das plantas intermediárias (menorzinhas) e por último o clímax, que são as árvores. Em reflorestamentos grandes, quando todas as espécies são plantadas de uma vez, essa costuma ser a lógica da ordem de desenvolvimento.

Clima, altitude e solo

Não adianta querer reflorestar uma área localizada em um clima tropical com plantas que se adaptam bem ao clima árido ou semiárido. O mesmo ocorre nos quesitos altitude e solo. 

Mesmo sendo possível adaptar (mesmo que minimamente) a impressão de clima, altitude e solo para essas plantas, é bem melhor optar por espécies que já se dão bem com as características do ambiente.

Fator regional

Cada região do país possui uma vegetação específica. No nordeste, o mais comum é encontrar caatinga, no centro-oeste, cerrado,  na região sudeste, mata atlântica, e na região norte, pampa no sul e floresta amazônica, sem contar a vegetação litorânea, o pantanal e a mata das araucárias. 

Estar atento a essas características das vegetações típicas de cada região (junto com as questões de clima, altitude e solo) é extremamente importante para construir um projeto de reflorestamento eficaz.

Finalidade do reflorestamento

Geralmente é possível reflorestar com três tipos de árvores: as árvores frutíferas, árvores de grande porte e as árvores de floração atraente. A escolha é feita de acordo com a finalidade do reflorestamento, podendo usá-las de forma separada ou combinada. 

As árvores frutíferas servem para atrair a fauna, as de grande porte são as tradicionais e as de floração atraente costumam ser usadas para florescer em épocas diferentes.

Quais os benefícios de reflorestar áreas devastadas?

Por mais que o assunto reflorestamento venha sendo levantado, são poucos os que compreendem a importância e os benefícios de reflorestar. Isso porque o debate sobre mudanças climáticas, desmatamento, entre outros tópicos, se concentram entre o público mais jovem e de classe média alta.

É possível dizer, contudo, que o reflorestamento tem por objetivo recuperar o meio ambiente, ou melhor, as áreas devastadas e, consequentemente, criar uma melhora na qualidade de vida de muitos. Isso porque o desmatamento implica nas mudanças climáticas que causam catástrofes naturais, baixa qualidade do ar, temperaturas muito altas em determinadas regiões e a queda brusca em outros locais.

Entre os principais benefícios do reflorestamento estão:

O que é necessário e imprescindível para fazer o reflorestamento?

Antes de conhecer as regras básicas do reflorestamento, é preciso compreender como funciona o processo de reflorestação. No geral, essa ação possui quatro etapas fundamentais, que garantem que o reflorestamento seja feito de maneira correta e, além disso, auxilie no plantio de suas mudas.

A primeira etapa do reflorestamento é fazer um estudo de campo, é preciso conhecer o local que será reflorestado. É preciso, inicialmente, avaliar o local e analisar o terreno, desde as condições do solo até as espécies que habitam o local, abrangendo a fauna e a flora. Além disso, é preciso conhecer o clima local, se é húmido ou seco, com muito ou pouco sol, entre outros detalhes.

Em seguida, é preciso escolher as espécies que serão plantadas. As árvores indicadas são as nativas da região. Isso porque essas espécies são as mais preparadas para se adaptar ao local, pois foram feitas para aquela determinada região, para aquele determinado solo e para aquele clima.

Além disso, as árvores nativas ajudam, na maioria das vezes, em outros detalhes do ecossistema, como por exemplo a alimentação de algumas espécies. É possível, entretanto, plantar espécies importadas que sejam compatíveis com o local.

Após escolher as espécies que serão plantas, é preciso escolher o método que será utilizado para o reflorestamento. Ou seja, é preciso escolher a melhor forma de se realizar o plantio dessas novas mudas. Para isso, prepare o terreno, escolha as melhores ferramentas e as técnicas menos invasivas para aquele tipo de solo e para as espécies escolhidas. Para essas tarefas, é possível contratar um especialista, que irá auxiliar no plantio.

Por último, mas não menos importante, é preciso criar uma forma de preservar aquela área. Ou seja, é preciso idealizar um plano de proteção ambiental para que a nova floresta não sofra com as ações do homem e aquela área seja desmatada novamente. Além disso, é preciso protegê-la de ações naturais, como doenças, pragas e incêndios. Nessa etapa, é possível se valer de leis e de outros tipos de controle ambiental para proteger o novo espaço.

Além desse passo a passo, existem 10 regras que devem ser seguidas e que são aplicadas durante esses quatro processos de reflorestamento. As 10 regras de ouro do reflorestamento são:

1. Proteger a floresta já existente;

2. Trabalhar em conjunto, envolvendo todas as partes interessadas;

3. Maximizar a recuperação da biodiversidade;

4. Selecionar áreas apropriadas para o reflorestamento;

5. Prezar pela regeneração natural sempre que possível;

6. Selecionar espécies que favoreçam a biodiversidade do local;

7. Empregar material vegetal resiliente, com variabilidade genética e proveniência adequadas;

8. Planejar com antecedência a infraestrutura, capacidade e fornecimento de sementes;

9. Aprender fazendo, utilizando uma abordagem de gestão adaptativa;

10. Garantir a sustentabilidade econômica do projeto.

Então, agora que você já sabe tudo sobre reflorestamento, desde o que é e seus benefícios até quais as principais regras para reflorestar, está na hora de mudar o planeta!

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