A exploração e a comercialização do mogno foram proibidas no Brasil. Entretanto, recentemente uma empresa conseguiu o aval para ter um negócio de mogno dentro da Floresta Amazônica. Saiba mais para entender como ela conseguiu isso e o porquê desta ser uma prática que pode ser positiva para a natureza, se feita de forma sustentável.

Instrução Normativa do Ibama
O mogno é uma madeira considerada nobre e, por isso, o preço dela no mercado é bem alto. Essa característica fez com que os olhos dos investidores desse ramo se voltassem para a comercialização da madeira. Entretanto, mesmo que o preço que o mogno vale seja bem atrativo, o fato de ter que esperar quase 20 anos para receber os retornos acaba não sendo tanto.
Por isso, as empresas que decidiram investir no mogno acabaram indo na principal fonte dessa árvore no Brasil: a Amazônia. Com o passar do tempo, e o número de retiradas de mogno aumentando a cada dia, ficou evidente que a árvore estava entrando em extinção, o que acaba prejudicando bastante a natureza. A exploração desordenada é uma das atividades de maior impacto na Floresta Amazônica, acompanhada da agricultura e da pecuária, grandes obras de infraestrutura, a grilagem de terras, o garimpo e a expansão dos assentamentos humanos.
Eventualmente, em 2001, o Ibama colocou em vigência uma Instrução Normativa que proibia qualquer exploração, comercialização e transporte de mogno brasileiro dentro do Brasil. Essa foi uma ação que tinha como principal intuito preservar a floresta amazônica e fazer com que a comercialização do mogno não a afetasse tanto.
Como alternativa, os investidores que continuavam interessados na comercialização do mogno, seguiram o caminho do mogno africano. O mogno é uma planta que só existe em três lugares do mundo: na Amazônia, no Congo (África) e no Sudeste da Ásia. Como as características climáticas africanas se assemelham bastante às brasileiras, os investidores decidiram plantar mogno africano para comercializar.
Como a exploração pode ajudar a mata?
A existência da normativa não fez com que a prática de exploração do mogno brasileiro acabasse completamente. A Floresta Amazônica corresponde a um pedaço de terra imenso e é praticamente impossível haver fiscalização em todos os pontos dela. Assim, na surdina da noite, ocorre o trabalho de uma máfia exploratória.
Essa máfia é composta por empresas que retiram e comercializam o mogno e outras espécies de plantas no mercado pirata. Esse fato gera dois principais problemas: o estado não consegue acompanhar, fiscalizar e cobrar as taxas regulares do negócio, e a mão de obra local acaba sendo colocada em uma posição de desvalorização, com salários ínfimos.
Para além desse fato, existem alguns indícios que apontam que a total falta de exploração é algo que pode acabar com a mata se isso ocorrer de forma contínua. Primeiro, porque a preservação exacerbada faz com que todos esqueçam da mata, a tornando insustentável por natureza e sem uso conveniente. No mais, os processos de exploração (fiscalizados, controlados e sustentáveis) ajudam a mata a se manter.
Dessa forma, o ideal seria que houvesse um plano de ação para a comercialização do mogno (e de outras árvores) que conseguisse fazer a exploração de forma sustentável. Mesmo que isso seja algo dentro das possibilidades reais, é preciso ter em mente que é um processo longo e, portanto, os retornos financeiros demoram a aparecer.
Agrocortex
Agrocortex é o nome da empresa que conseguiu, quase 10 anos depois da oficialização da normativa, convencer o Ibama de que era possível fazer a comercialização do mogno no Brasil sem que houvesse consequências maiores para a natureza. Para isso, foi preciso elaborar um plano de ação que tornasse a exploração sustentável.
Além disso, foi preciso investir um tempo a mais além da montagem do plano de ação. Esse período foi usado pela Agrocortex para entrar em contato com especialistas, pesquisadores e empresas regulares e fiscalizadores que conseguissem analisar o cenário geral, perceber o mogno que ainda estava presente na floresta e, a partir daí, criar um argumento que garantisse que a comercialização seria responsável.
A empresa, nesse período, conseguiu não só convencer o Ibama de que era possível fazer a exploração e comercialização sem acabar com a natureza, como ainda provou para o órgão que a exploração da forma proposta traria vantagens, faria bem, tanto para a mata quanto para a mão de obra local, que foi a prioridade da empresa.
Apesar deste ser um período de investimento que é relativamente longo, que a empresa poderia usar para estar fazendo a exploração e ganhando dinheiro de fato, os diretores da própria Agrocortex afirmam que quanto maior for o tempo de espera, maior serão os retornos financeiros.
Plano de ação
O plano de ação pensado pela Agrocortex já começa caro: foram 150 milhões investidos apenas para montar uma estrutura que fosse capaz de fazer o trabalho pensado da melhor maneira possível e que fosse, acima de tudo, dentro do raciocínio de sustentabilidade. Para isso, a empresa montou 10 serrarias, 20 estufas, 4 mil metros de galpão e um pátio de armazenagem.
O tipo de exploração usado pela Agrocortex foi o Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFs). Nesse caso, a empresa separa algumas partes do terreno que ela tem disponível para a exploração. Primeiro, uma das áreas tem a madeira aproveitada e após a remessa ela é fechada e só volta a ser explorada após um período de 20 a 30 anos.
Além disso, houve mais uma preocupação: a retirada de árvores que já estivessem “perto de morrer”. Para isso, foi feito um levantamento que catalogava todas as espécies de mogno presentes no local e, a partir da espessura do tronco, perceberam mais ou menos a idade da planta. Foram retirados apenas os mognos que tivessem, no máximo, 30 anos de vida pela frente.
No mais, não são todas as árvores presentes que são retiradas. A cada uma cortada, a empresa precisa deixar 5 de mesmo tamanho no hectare. Para acompanhar essa determinação, todas as espécies (não só da flora, como também da fauna), foram catalogadas e colocadas em um inventário.
O mogno brasileiro
O mogno brasileiro, assim como o africano, é uma árvore considerada nobre. Sua madeira é extremamente resistente, bem bonita (com um ar sofisticado) e de qualidade incomparável. Por isso, o mogno é usado para a fabricação de móveis de luxo, na construção civil e para a fabricação de instrumentos. O seu preço no mercado está em torno dos 3.000 dólares por metro cúbico.
Mesmo com a tendência da exploração de mogno brasileiro ser crescer, existe uma outra forma também muito lucrativa de investir em mogno: focar-se em todas as possibilidades oferecidas pelo mogno africano. Conheça o Grupo Selva Florestal, uma empresa de consultoria sobre o assunto e venda de mudas e sementes do mogno africano.