O sistema silvipastoril é uma opção de produção pecuária que usa, de forma vinculada, árvores, pastagens e gado, proporcionando um aumento da produção por área de modo sustentável e podendo diminuir a demanda da criação de novas áreas.
A associação de espécies arbóreas em ambiente pastoril traz diversas vantagens às áreas de pastagem, como o bem-estar do gado, aumentando o rendimento na produção de carne e leite, devido ao conforto térmico ocasionado pelas árvores da floresta, além da produção de madeira.
Contudo, o período de cultivo de espécies arbóreas pode prejudicar o êxito do sistema silvipastoril devido às danificações causadas às árvores pelo gado. A introdução e estabelecimento do sistema silvipastoril é comprometida, uma vez que o gado tem a tendência a quebrar galhos, ramos e troncos de árvores mais jovens, além de removerem e roerem as cascas das árvores.
Para o bom desenvolvimento desse método, deve ser analisado e avaliado o assentamento ideal das árvores, a capacidade de adaptação da forragem para a região sombreada e a raça e o peso do gado convenientes para pastejo com a forragem e com as árvores.
Continue a leitura para saber mais sobre como evitar que o gado roa a casca das árvores de mogno!
O gado rói a casca da árvore à procura de nutrientes minerais, o que pode prejudicar toda a sua produção. | Foto: Freepik/jcomp.
Por que os gados roem as cascas de mogno africano?
As gramíneas são fonte essencial de alimento para o gado. Entretanto, em pasto onde há árvores, os gados ingerem também ramos, folhas e cascas em pouca quantidade. Esse consumo torna-se um problema quando alcança níveis de prejuízo que impossibilitam o desenvolvimento natural das árvores.
A retirada da casca ocasiona em um aumento nas chances de mortalidade da espécie arbórea, devido ao fato de que perde parte principal de suas defesas contra agentes xilófagos, ampliando a probabilidade de apodrecimento.
Depois da remoção da casca ao redor de todo o tronco, ocorre o intumescimento da parte superior do corte e as raízes acabam perecendo pela ausência ou falta de seiva elaborada). Essa aglutinação de seiva elaborada na região do corte pode ser responsável por novos ataques do gado, aumentando os prejuízos à árvore.
O mogno africano é uma espécie arbórea que sofre muitos danos causados por bovinos. Essa pode ser uma evidência da preferência do gado pela espécie. Contudo, é relevante revelar outros aspectos que podem ter favorecido essa atração, dentre eles, a altura da espécie e as características da copa: densa e com muitas folhas, o que pode ter ocasionado um maior sombreamento.
Esse problema ocasionou a busca por metodologias que contornaram a atração do gado pelas árvores. A seguir, iremos apresentar algumas táticas que podem ajudar a evitar que o gado roa a casca da árvore, especificamente, a casca de mogno africano. Confira:
Dicas do que fazer para evitar que o gado roa a casca do mogno africano e cause prejuízo
Existem algumas dicas que podem impedir, ou pelo menos evitar que o gado prejudique a sua produção.
Como já afirmado anteriormente, os prejuízos que causam lesões na casca atingem o tronco, isto é, a estrutura essencial que é a responsável pelo desempenho da árvore no sistema.
Quando a casca é retirada, o fluxo no floema pode ser paralisado, o que acarreta no intumescimento da parte superior do corte e a parte inferior para de receber seiva orgânica, o que ocasiona a morte de suas células por falta de nutrientes e, consequentemente, morte das raízes, além da vulnerabilidade aos ataques de agentes xilófagos.
Entretanto, isso não é desejado em sistemas silvipastoris nos quais as árvores são colocadas para aquisição de produtos madeireiros e não madeireiros.
Algumas alternativas que podem contornar essa situação são o uso de substâncias repelentes e proteção física nas árvores de mogno africano.
Têm sido utilizadas algumas ferramentas como o estabelecimento de um sistema silviagrícola por um tempo suficiente para que as árvores possam alcançar o porte mínimo para conseguirem suportar o anseio do gado, ou seja, a fricção do corpo físico nos troncos, e/ou para que o gado não consiga alcançar os galhos e ramos do mogno africano.
Fornecer suplementos minerais ao gado é uma boa alternativa para evitar que eles roam a casca do mogno africano. | Foto: Freepik/jcomp.
Além disso, é importante mencionar que ao consumir cascas de árvore, nesse caso específico, do mogno africano, os mamíferos buscam balancear suas dietas com minerais, açúcar ou proteína.
Dessa forma, segundo o Grupo Selva Florestal – empresa que atua em reflorestamento, produção de mudas, recuperação de áreas degradadas, comercialização de sementes e projetos técnicos na área agroflorestal –, uma dica primordial para evitar que o gado roa a casca do mogno africano é mantê-lo bem alimentado com todos os nutrientes minerais, evitando assim que ele supra algum déficit mineral roendo a casca do mogno africano.
Ademais, a espécie de mogno africano mais recomendada para ser implantada em um sistema silvipastoril é a Khaya Senegalensis, visto que é uma árvore que possui uma casca mais grossa e por isso é mais resistente, sendo a espécie de mogno menos danificada pelo gado.
É possível recuperar as cascas roídas?
Por mais que os danos pareçam ser inconversíveis, há maneiras de recuperar a casca de uma árvore degradada. | Foto: Freepik/ArthurHidden.
Quando a árvore sofre um trauma é difícil recuperar sua saúde plena. Contudo, apesar de parecer um grande desafio, algumas árvores podem ser revigoradas, mesmo quando os danos parecem ser irreversíveis.
Primeiramente, quando a casca estiver roída, pegue uma faca aliada e a utilize para remover de uma vez as cascas machucadas. Essa remoção assegurará que os nutrientes voltem a fluir por meio dos locais danificados.
Depois, tire alguns galhos, visto que isso diminuirá a demanda de água, tornando menor a necessidade dos mecanismos de reparação. Outra medida útil é replantar e recobrir qualquer raiz que estiver exposta, escorando a árvore, se você achar necessário, até que ela atinja a estabilidade.
Se a sua árvore ainda estiver muito debilitada, tente distribuir uma pequena porção de fertilizante em volta do mogno, a começar de um metro de distância do tronco até uma extensão a vários metros à frente de onde os galhos estão sobre o seu corpo.
Não se esqueça de tomar os devidos cuidados na hora de aplicar o fertilizante, visto que isso pode ocasionar um maior stress para a árvore. Um bom preceito geral é usar 50 g da substância fertilizadora 5-10-5 para cada 2,5 cm de diâmetro do fuste, medido a 30 cm do solo.
Para mais informações sobre como evitar que o gado roa a casca do mogno africano, assista o vídeo sobre o assunto em nosso canal do YouTube. E, se quiser se manter por dentro desse mundo, continue acompanhando o Grupo Selva Florestal e saiba tudo sobre tecnologia florestal com destaque para a produção de mogno africano.