A polêmica referente à identificação da espécie arbórea de mogno africano – Khaya Ivorensis – foi finalizada após inúmeros anos de discordâncias e dúvidas levantadas por especialistas do segmento no Brasil.
As árvores pioneiras, cultivadas no jardim da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no Pará, que desde sempre foram identificadas como sendo da espécie Khaya Ivorensis, são, na realidade, da espécie Khaya Grandifoliola. Quem assegurou isso foi o maior especialista mundial no gênero Khaya atualmente: o doutor e pesquisador congolês Ulrich Gael.
O botânico esteve presente em solo brasileiro em junho de 2019 quando foi convidado pela Associação Brasileira de Produtores de Mogno Africano (ABPMA) para definir de forma incontestável qual a espécie das quatro árvores de mogno africano mais antigas do Brasil. As sementes que deram origem aos plantios do país são, em grande maioria, descendentes dessas árvores.
Se você estiver interessado em investir no cultivo de florestas de mogno africano, pode ser vantajoso compreender um pouco sobre a história e a genética desse tipo de árvore. Continue a leitura para aprender mais!
Como se dá a classificação de uma espécie?
Uma espécie não é definida somente por suas características morfológicas, não sendo identificadas apenas as semelhanças físicas entre os seus membros, mas também pela capacidade de reprodução entre seus componentes.
Primeiramente, antes de entender o porquê da espécie “Khaya Ivorensis” se chamar “Khaya Grandifoliola”, vamos compreender melhor como se dá a classificação de uma espécie.
Espécie é um conceito biológico que pode ser definido como um grupo de organismos ou conjunto de populações capazes de se reproduzir e originar descendentes férteis.
Por que a espécie ‘Khaya Ivorensis’ mudou para ‘Khaya grandifoliola’?
Agora que você já sabe o conceito de espécie está na hora de saber a razão pela qual a espécie de “Khaya Ivorensis” mudou para “Khaya Grandifoliola”.
Tudo começou em outubro de 1975 quando um representante do Ministério de Água e Florestas da Costa Do Marfim deu de presente ao engenheiro agrônomo brasileiro Italo Claudio Falesi oito sementes de mogno africano.
Entretanto, ele não disse a espécie das sementes. Elas foram cultivadas na sede da Embrapa Amazônia Ambiental, situada em Belém, no Pará, e atuaram como ponto de partida para a disseminação da maioria das mudas seminais e clonais de mogno existentes nos dias de hoje no Brasil.
A primeira investida de identificar a espécie das árvores de mogno africano foi realizada por profissionais da própria Embrapa, em 1992, que a princípio, chegaram à conclusão de que seriam espécimes da Khaya Ivorensis.
Durante o ano de 2013, profissionais da área avaliaram árvores de mogno identificadas como pertencentes à espécie Khaya Ivorensis, mas que tinham a fisionomia diferente das árvores cultivadas a partir das sementes provenientes dos quatro mognos africanos mais primitivos da Embrapa.
Eis que surgiu a dúvida: quais são, afinal de contas, da espécie Khaya Ivorensis e qual a espécie destas outras árvores que possuem uma fisionomia diferente? Para responder essas questões, exemplares foram recolhidos e enviados a um laboratório qualificado na Inglaterra.
Laboratórios agrícolas são os ambientes mais adequados para a identificação de novas variações de espécies. | Foto: Freepik/wirestock.
No ano de 2015, veio a ratificação de que as árvores com aspectos físicos distintos, plantadas na Reserva da Vale, em Linhares (ES), eram de fato da espécie Khaya Ivorensis, o que significava que os quatro mognos primordiais da Embrapa não poderiam receber essa classificação. Era plausível que eles fossem da espécie Khaya grandifoliola, mas ainda restavam dúvidas.
Diante dessa questão, a Embrapa então se posicionou confirmando que providenciaria uma avaliação e análise íntegra e completa dos seus quatro primeiros mognos. Entretanto, a empresa não forneceu nenhum tipo de prazo para chegar ao encerramento do caso. Por esse motivo, a ABPMA resolveu tomar uma atitude e requerer também um estudo genético a respeito da espécie.
No ultimato do estudo genético, realizado pelo professor Evandro Novaes, todas as evidências indicavam para a classificação como Khaya grandifoliola. Contudo, o próprio professor recomenda à ABPMA que seja solicitado um especialista botânico para confirmar o resultado.
O Dr. Terry Pennington, botânico inglês que realizou o teste dos exemplares em laboratório, sugeriu o Dr. Ulrich Gaël para encerrar de vez a questão. Um grupo técnico composto por filiados da ABPMA optou por acatar a sugestão. A ABPMA bancou todos os custos da vinda do especialista ao Brasil e a Embrapa se pôs à disposição para fornecer suporte interno e estrutural à visita.
Ulrich Gaël é o autor da tese de doutorado que pretende reavaliar as espécies do gênero Khaya no mundo após a descoberta de novas variantes. Ele é um pesquisador de sistemática botânica e diferenciação genética de plantas do gênero Khaya há aproximadamente uma década.
O Dr. Gaël confirmou que os quatro mognos são pertencentes à espécie Khaya grandifoliola, o que ocasionou na reclassificação de todas as árvores e mudas adquiridas a partir das suas sementes.
O Grupo Selva Florestal é uma empresa que atua em reflorestamento, produção de mudas, recuperação de áreas degradadas, comercialização de sementes e projetos técnicos na área agroflorestal.
A empresa pode te ajudar a escolher qual a melhor espécie de mogno africano para a região em que você está situado e tirar todas as suas dúvidas sobre o cultivo dessa variedade arbórea exótica.
Por exemplo, o Grupo Selva Florestal auxilia a definir qual o espaçamento adequado para o seu plantio e te informa sobre as diferenças entre as espécies de mogno africano. Isso porque se a espécie escolhida por você for a Khaya Senegalensis, o espaçamento necessário será 3 por 2; já se a espécie escolhida for a Khaya Grandifoliola, o espaçamento conveniente será de 3 por 3.
Levando em consideração que a Khaya senegalensis é mais resistente às secas, podendo ficar sem ser irrigada desde que se inicie o plantio no início das águas. Ademais, a Khaya senegalensis é uma espécie de casca grossa que possui uma floresta mais adensada, de modo que as árvores têm que ser podadas – o que é um trabalho relativamente simples, podendo ser feito por uma única pessoa com motosserra.
Já a Khaya Grandifoliola é uma espécie menos resistente às secas e precisa ser irrigada. Sua casca é mais fina e apresenta um fuste mais reto de modo que as podas são feitas com uma frequência bem menor. Por fim, a luminosidade incide mais diretamente nas florestas dessa espécie, visto que ela é menos adensada.
Gostou do conteúdo? Acesse nosso canal do YouTube e veja o vídeo que preparamos sobre a diferença entre a Khaya Grandifoliola, antiga Khaya Ivorensis, e a Khaya Senegalensis!