A produtividade no campo e o manejo adequado de nutrientes no solo são preocupações constantes entre os produtores e silvicultores, por essa razão foram desenvolvidas diversas técnicas e estudos com o objetivo de potencializar a produtividade e evitar o desgaste da terra, e o uso do inoculante rhizobium é uma dessas técnicas.
Dentre os modos de impulsionar o crescimento saudável das plantas no campo, está o desenvolvimento de inoculantes que possuem bactérias produtoras de nódulos nas raízes das plantas (rizóbios) encarregadas pela fixação biológica dos nutrientes (FBN). Nesse sentido, nesse artigo você irá conhecer tudo sobre o inoculante rhizobium!
Vale destacar que o inoculante já é popularmente empregado em plantios de soja e em plantas usadas para adubação verde visando potencializar ainda mais o desenvolvimento das principais culturas agrícolas e silviculturais.
Entenda como a inoculação pode te ajudar a aumentar a produtividade. | Foto: Freepik.
O que é inoculação?
Inoculação é uma técnica que utiliza na agricultura microrganismos como bactérias e fungos com influência próspera para as plantas. A aplicação desses insumos biológicos tem como finalidade suprir as necessidades de nitrogênio das culturas, visto que o nitrogênio é um dos macronutrientes essenciais para seu desenvolvimento.
O que é inoculante rhizobium?
O inoculante rhizobium é formado por uma cultura pura de microorganismos escolhidos por meio de uma pesquisa, neste caso particular, bactérias pertencentes ao gênero Rhizobium. O produto possui no mínimo um bilhão de bactérias por mililitros (mL), que são cultivadas e firmadas para aplicação nas sementes ou no sulco de plantio.
Pode ter certeza que as sementes inoculadas com rhizobium são mais resistentes.
Onde encontrar Rhizobium?
O Rhizobium é encontrado nas raízes de plantas leguminosas, como o feijão, o milho, a ervilha e etc, e nada mais é do que um produto que conta com microorganismos vivos em sua composição. A sua grande importância é o fato dele auxiliar a planta na captação de nitrogênio (que está presente no ar em uma quantidade excessiva, mas que as plantas não conseguem utilizar sem a ajuda dessas bactérias).
Com a formação de uma comunidade de Rhizobium, essa bactéria vai se acumulando nas raízes dessas plantas leguminosas, formando pequenos nódulos – que são os grandes responsáveis pela captação desse nitrogênio. É por isso que as raízes dessas plantas costumam ter várias “bolinhas” em toda a sua extensão.
Apesar das plantas não leguminosas não apresentarem esse conjunto de bactérias Rhizobium para as ajudar com a fixação do nitrogênio, elas possuem outras formas de aproveitar desse gás, sendo outras bactérias fixadoras a maneira mais comum das plantas gramíneas terem acesso ao nitrogênio, que é importante para todos os tipos de plantas. Assim, todas as plantas podem tirar proveito desse processo de inoculação para se desenvolverem melhor e alcançarem uma produtividade maior.
Qual a principal função do inoculante?
O inoculante rhizobium possui duas funções importantes ao conduzir as bactérias que promovem o desenvolvimento radicular através da produção de fitormônios e a fixação biológica do nitrogênio (FBN), processo pelo qual o nitrogênio que se encontra no ar atmosférico (N2) é transformado em formas que a planta seja capaz de utilizar, colaborando para a nutrição vegetal.
Tipos de inoculantes e como utilizar
No Brasil, são vendidos inoculantes dos tipos líquidos, géis e turfosos. Essas formulações devem estar em conformidade com as regras da RELARE (Reunião da Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola) aprovadas pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Aqui, vamos usar de exemplo o feijão-caupi, a Ageitec (Agência Embrapa de Informação Tecnológica) indica umedecer a semente com água açucarada a 10%, para que a aderência do inoculante turfoso seja mais efetiva. Cada 30g de açúcar em 300ml de água, configura quantidade suficiente para inocular 50kg de sementes. A inoculação deve ser feita à sombra e a semeadura precisa ser realizada no mesmo dia, a fim de manter a semente inoculada protegida do sol e do calor intenso.
O inoculante deve ser distribuído de modo uniforme na superfície da semente para se tirar o máximo de proveito possível da fixação biológica do nitrogênio nas plantas. No estado líquido, o inoculante pode ser aplicado via semente ou toletes e por meio de sulco de semeadura.
Existem diferentes tipos de inoculantes que são aplicados de forma diferentes. | Foto: Freepik.
Agora, para não haver dúvidas sobre como é aplicado o inoculante, deve ser mencionado que, nos dias de hoje, as vias de inoculação mais populares são o tratamento de sementes e a pulverização via sulco de semeadura, sendo a primeira a mais empregada. Para potencializar o efeito dos inoculantes, é interessante dar mais atenção para as boas práticas de inoculação, em que se destacam os seguintes tópicos:
- A inoculação deve ser realizada nos momentos mais frescos do dia (pela manhã ou à noite), seguindo-se as indicações de dosagem e aplicação providenciadas pelo fabricante do inoculante;
- O tratamento de sementes deve ser realizado à sombra, e a semeadura deve ser feita em, no máximo, 24h, com exceção para produtos registrados para a pré-inoculação de sementes;
- O inoculante não pode entrar em contato com agroquímicos (fungicidas e micronutrientes), visto que os mesmos podem ter ação tóxica às bactérias; no tratamento de sementes, usar o inoculante em uma segunda operação, depois da secagem do químico aplicado; no caso da inoculação no sulco de semeadura, é preciso deixar o tanque para o emprego exclusivo com o inoculante;
- Em solos mais novos, ou seja, de primeiro ano de plantio, indicam-se inúmeras doses de inoculantes: 2 a 10 vezes de acordo com a recomendação de um engenheiro agrônomo;
- Ao utilizar inoculante turfoso, é recomendado aplicar uma solução açucarada a 10% (300 mL/50 kg de sementes) ou aditivos (para inoculante) que assegurem boa aderência às sementes;
- Não semear “no pó”, uma vez que ambientes quentes e secos não são favoráveis à sobrevivência das bactérias.
Como é produzido o inoculante?
Apesar do produto poder ser comprado comercialmente, é possível produzi-lo em casa mesmo. Para isso, só será necessário ter em mãos um liquidificador doméstico e uma amostra de raízes noduladas da plantação em questão. As raízes noduladas, no caso, correspondem às raízes que já são capazes de absorver o nitrogênio do ambiente.
O modo de preparo é bem simples: basta bater no liquidificador as raízes noduladas até que elas fiquem com uma consistência pastosa, quase líquida. O uso dela é de um para quatro, ou seja, com pouco mais de 200 ml desse líquido é possível inocular algo em torno das 800 gramas de sementes (200 x 4). O grande truque para que essa produção realmente funcione é fazer o uso das raízes corretas.
É crucial que as raízes usadas para a produção do inoculante sejam retiradas de plantas que estavam em um solo rico em matéria orgânica, com um bom histórico de nodulação, e em uma plantação saudável, sem ocorrências prévias de doenças. Dessa forma, uma grande diversidade microbiana estará presente nas raízes usadas, que serão capazes de dissolver o fosfato e aumentar o tamanho da superfície da raiz.
Mesmo com o cuidado de retirar as raízes somente de áreas que não possuem histórico de doenças, nem sempre é possível acompanhar totalmente a disseminação de patogênicos de uma área para outra. Por isso, o ideal é que o resultado da produção do inoculante seja usado somente em lavouras que estejam na mesma área de plantação das plantas usadas como matéria-prima para essa produção.
Um ponto interessante é que, em amostras realizadas em plantações que tiveram as suas sementes inoculadas por esse processo, houve um histórico muito mais saudável (em termos de desenvolvimento) do que nas plantações com o uso de inoculantes industrializados, determinando que a produção e aplicação de um inoculante caseiro nas plantas não causa um perigo maior de desenvolvimento de doenças quando feita corretamente.
Qual a diferença do Rhizobium para o Bradyrhizobium utilizado na soja?
Para que o processo de fixação biológica do nitrogênio aconteça, é preciso que ocorra a associação da bactéria simbionte com a planta hospedeira, e a constituição de estruturas especializadas nas raízes, denominadas nódulos. Esta combinação é específica, de forma que cada planta hospedeira possui um simbionte específico, como é exemplificado abaixo:
- Soja: Inoculante Bradyrhizobium japonicum;
- Feijão: Inoculante Rhizobium tropici;
- Feijão caupi: Inoculante Bradyrhizobium sp;
- Alfafa: Inoculante Sinorhizobium meliloti;
- Trevo branco: Inoculante Rhizobium leguminosarum;
- Grão-de-bico: Inoculante Mesorhizobium ciceri.
Assim, Rhizobium e Bradyrhizobium são ambos gêneros de bactérias simbiontes, fixadoras de nitrogênio, que dispõem plantas hospedeiras específicas.
Vantagens
Além da assimilação de nitrogênio, pesquisas direcionadas comprovam que os inoculantes possibilitam o aumento da resistência às condições ambientais e outros benefícios, como:
- Aumento de resistência contra estiagens;
- Aumento de eficiência na absorção de água e de inúmeros nutrientes;
- Produção de fitohormônios que conseguem melhorar o índice de crescimento de raízes, aprimorando de forma otimizada o desenvolvimento das plantas;
- Aumento da simbiose com outras bactérias que influenciam positivamente no crescimento de plantas encontradas de forma natural nos solos, trazendo vantagens para a lavoura em geral.
O emprego do inoculante Rhizobium traz vários benefícios. | Foto: Freepik.
Espécies que podem ser utilizadas como inoculantes
Confira, abaixo, algumas espécies que podem ser utilizadas como inoculantes:
- Soja: Inoculante Bradyrhizobium japonicum e B. elkanii;
- Grão de bico: Inoculante Mesorhizobium ciceri;
- Lentilha e Ervilha: Inoculante Rhizobium leguminosarum bv viciae;
- Feijão comum (Phaseolus vulgaris): Inoculante Rhizobium tropici;
- Feijão de corda, feijão miudo, caupi (Vigna unguiculata): Inoculante Bradyrhizobium sp;
- Amendoim forrageiro (Arachis pintoi): Inoculante Bradyrhizobium japonicum;
- Guandu (Cajanus cajan): Inoculante Bradyrhizobium sp;
- Acácia (Acacia angustissima, Acacia auriculiformis): Inoculante Mesorhizobium amorphae;
- Milho (Zea mays), Trigo (Triticum spp.) e arroz (Oriza sativa): Inoculante Azospirillum brasilense.
Agora que você conheceu tudo sobre o inoculante rhizobium, não deixe de conferir o site do Grupo Selva Florestal, e caso tenha interesse em investir em plantações de mogno africano em solo brasileiro ou esteja buscando por uma consultoria no assunto, conheça as opções disponíveis acessando o site.